Wilma Zanetti [[email protected]] ESTENOSE AÓRTICA - UM ESTUDO DE CASO
A população idosa tem patologias freqüentes tais como diabetes, problemas neurológicos, hepatológicos, hematológicos, nefropatias e cardiovasculares dentre os quais está a estenose aórtica. As principais causas de estenose aórtica são a congênita, reumática e a degenerativa ou senil (RANGEL, 2006). A estenose aórtica degenerativa acomete principalmente idosos com histórico de hipertensão e diabetes. O processo de estenose na valva aórtica inicia-se com sua calcificação que pode ser assintomática, e, conforme há a intensificação da calcificação a estenose torna-se mais severa e o portador da patologia apresenta sintomas como dispnéia, angina, tontura e síncope (TIMERMAN, 2000). Com a calcificação ocorre o aumento da força de contração sistólica para manter o mesmo volume de ejeção, o que ocasiona a hipertrofia do ventrículo esquerdo e conseqüentemente eleva a pressão diastólica de VE (TIMERMAN, 2000). A hipertrofia do ventrículo esquerdo e diminuição do fluxo coronário ocasiona a isquemia miocárdica, que caso seja constante pode produzir uma disfunção do VE, queda na sua fração de ejeção e intensificação dos sinais e sintomas de insuficiência cardíaca. Com a diminuição do débito cardíaco ocorre hipofluxo cerebral e conseqüentemente tontura e síncope (TIMERMAN, 2000). O diagnóstico da EAo é feito através da anamnese e sintomatologia, do exame físico e de exames complementares tais como eletrocardiograma, exame radiológico, ecocardiograma com Doppler, estudo hemodinâmico e teste ergométrico (TIMERMAN, 2000). No exame físico pode-se observar frêmito e sopro sistólico nas artérias carótidas. No exame precórdio, dependendo do grau da EAo (queda da fração de ejeção de VE), pode-se encontrar o ictus desviado para a esquerda e para baixo com extensão aumentada o que caracteriza a denominação estenose aórtica esquerda (TIMERMAN, 2000). Na ausculta cardíaca pode-se observar sopro sistólico ejetivo, crescendo-descrescendo, que livra a primeira bulha e um ruído protossistólico que caracteriza a abertura da válvula aórtica com alta pressão. A segunda bulha tem intensidade normal e o ruído protossistólico fica mais surdo, inconstante e inaudível. Quando há calcificação da válvula aórtica surge sopro diástólico aórtico curto devido ao fechamento incompleto da válvula no início da diástole ventricular (TIMERMAN, 2000). Em geral, os sopros mais longos estão associados a um agravamento da estenose (DUNCAN, 2004). O presente trabalho tem por objetivo relatar e descrever caso de estenose aórtica por meio de estudo de caso de paciente
1 Acadêmicos do sétimo período do curso de Biomedicina da Faculdades Pequeno Príncipe;
2 MsC Professor Orientador da Disciplina Momento Integrador VI da Faculdades Pequeno Príncipe E-mail para contato: [email protected]
portador acompanhado em unidade de saúde da cidade de Curitiba/PR. J.M.P., 79 anos, sexo masculino interna em unidade hospitalar com episódio de síncope. Relata que há dois meses procura exercitar-se levemente com a esposa e que após a caminhada sente tontura e quase desmaia. Nega dor no peito e falta de ar. Antes de internar a esposa percebeu que ele perdeu a consciência por 15 segundos. Nunca teve trauma craniano, não alterou a velocidade da fala. Nega febre, calafrio, tosse, dor abdominal, náusea ou vômito. Histórico médico: Hipercolesterolemia e hipertensão. É ex-fumante e toma um cálice de vinho por dia. Sinais vitais: 36,7ºC, 140/50 mmHg, 80 bpm, 14 incursões por minuto. Além da estenose aórtica, outras patologias como Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), Aneurisma e Aterosclerose podem apresentar os mesmos sinais e sintomas, e, somente a análise conjunta dos sinais e sintomas com dados laboratoriais e de imagem permitem a identificação da patologia. Os exames analisados foram: hemograma, dosagem de Troponina I, ecocardiograma e Doppler Cardíaco. A análise do hemograma revelou valores normais para sexo e idade. A dosagem de Troponina I apresentava-se inferior ao valor de referência descartando a possibilidade de infarto agudo do miocárdio. O ecocardiograma revelou um aumento do lúmen atrial e hipertrofia ventricular caracterizando os sinais clássicos de estenose aórtica e excluindo a hipótese de aneurisma pela não visualização de estruturas císticas características (VEIGA, 2008). Já o exame Doopler realizado no paciente apresentou gradiente médio de pressão do ventrículo esquerdo/aorta de 50 mmHg o que comprova a estenose aórtica grave. Não foi possível excluir a hipótese de aterosclerose devido à presença prévia de hipertensão e hipercolesterolemia, e que é corroborada pela análise das medicações utilizadas pelo paciente o lisinopril (antihipertensivo) e a atorvastatina (anticolesterolêmico). Após a avaliação dos dados obtidos durante o estudo, pode-se concluir que o paciente possui um grau de estenose aórtica grave. Aos pacientes acometidos por esta patologia sugere-se evitar esforço físico que pode agravar o quadro, e embora grave, a intervenção cirúrgica é aconselhável, pois a estenose aórtica não corrigida pode evoluir para insuficiência cardíaca, e desta maneira, os benefícios superam o risco cirúrgico. REFERÊNCIAS
ABRAMO, Lee et al. Exames Diagnósticos: Finalidade, Procedimento e Interpretação. 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. HOWLAND, Richard D.; MYCEK, Mary, J. Farmacologia Ilustrada. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. PORTH, Carol Mattson. Fisiopatologia. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. SMITH, Collen; MARKS, Allan D.; LIEBERMAN, Michael. Bioquímica Médica Básica de Marks – Uma Abordagem Clínica. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
TIMERMAN, Ari et al. Manual de Cardiologia. São Paulo: Atheneu, 2000.
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