Microsoft word - «um sonho perfeito» - maria inês salvadinho.docx
Às vezes ainda me parece que tudo isto é um sonho… Talvez seja, e eu continue adormecida para que o sonho nunca acabe. Desde pequena (agora já sou um pouco maior) que tenho esta vontade enorme de
dançar, sobretudo dançar ballet, porque este é aquele tipo de dança que nos transforma, tornamo-nos leves, livres e mais belas que nunca.
Associada a uma técnica bastante rigorosa e perfeita, o ballet permite, através do
movimento, contar histórias, transmitir e receber emoções.
Para começar a dançar, foi um pouco difícil, visto que não existiam muitas escolas
e professores na minha cidade; então decidi inscrever-me na música, pois era algo de que também gostava muito. Mas aquele “bichinho” da dança estava sempre presente, era como se estivesse preso a mim e a chamar-me de segundo a segundo.
Passaram-se anos e eu continuava a pensar no mesmo …dança, ballet, dança,
ballet…não me saía da cabeça, mas, ao mesmo tempo, tinha-me afeiçoado àquele som melodioso e suave das notas do piano. Ou seja, estava completamente indecisa, sem saber o que fazer, pois a dança era o meu grande sonho de infância, e a música já fazia parte de mim. A dança ou a música? Sinceramente, não fazia a mínima ideia!
Até que um dia decidi. Talvez tenha sido uma das mais difíceis decisões da minha
vida, aquela que iria mudar para sempre o meu futuro. Lembro-me como se fosse ontem, num sábado à noite, quando me dirigi ao quarto da minha mãe e lhe disse «Mãe, eu adoro a música, mas o que eu mais adoro é a dança». Ela olhou para mim, como nunca tinha olhado, e respondeu-me «Se é isso que tu queres, então, vamos procurar uma escola de dança, nem que seja no fim do mundo». Percebi que me entendera. Fui para o meu quarto chorar: teria sido a melhor decisão? Não sabia.
De início, percorremos vários lugares para encontrar uma escola de dança, até que
encontrámos um ginásio que tinha aulas de ballet. «Perfeito!», dizia a minha mãe. Pessoalmente, eu também o achava. O ginásio era grande e tinha diversas modalidades. A professora de ballet chamava-se Fernanda Mafra (mais conhecida por Nanda) e era uma das melhores professoras da minha cidade, pois conseguia preparar as suas alunas muito bem para entrarem na Escola de Dança do Conservatório Nacional, a única escola de formação de bailarinos profissionais em Portugal.
No primeiro dia, estava muito nervosa e cheia de medo, mas rapidamente a
professora e as outras alunas me puseram à vontade; elas preparavam-se para fazer audições para o Conservatório. Para mim, elas eram perfeitas, e eu tencionava ser como elas para que um dia também pudesse fazer audições. Então, comecei frequentar as aulas de ballet, quase todos os dias, à noite, depois da escola.
O tempo foi passando e, em cada aula, ia ficando melhor. A postura, os pés, os
braços, a linha do corpo…olhava-me ao espelho e via as gotas de suor a correrem pelo rosto, sentia que cada uma delas valia a pena e que um dia elas iriam ser recompensadas. Até que, um dia, a professora me chamou à parte, durante a aula, para me perguntar se eu queria ir fazer audições para o Conservatório; interroguei-me se estaria preparada e ao nível das outras, mas ela logo respondeu aos meus pensamentos: «Querida, tu és um caso muito especial, pois conseguiste obter o nível das tuas colegas em tão pouco tempo; eu
acho que tu estás preparada.». Eu acenei com a cabeça, dizendo que sim, e aceitei fazer a audição.
As outras raparigas, por incrível que pareça, ajudaram-me imenso e, sem dar por
isso, estávamos todas no dia da audição. Estava super nervosa, nem conseguia respirar; revia, com as minhas colegas, todas as correcções que a professora fazia diariamente, ajeitava o meu penteado milhões de vezes e verificava se não me esquecia de nada para que tudo estivesse perfeito.
Entrámos no estúdio, o meu coração batia como se não houvesse amanhã. Senti a
minha mão a tremer ao tocar na barra. Tentava manter o meu sorriso, pois diziam-me que era das coisas mais bonitas que eu tinha! Passada uma hora, o júri mandou-nos sair do estúdio para decidir quem ficava. Enquanto esperávamos pelos resultados, fomos almoçar ao restaurante mais perto, até que passou por lá uma rapariga da escola que nos avisou de que já tinham saído as notas. Fomos a correr, o local já se encontrava cercado por dezenas de pessoas, até que se ouviu gritar «Quem é a Maria Inês?», «Sou eu!», respondi. «Entraste para a escola!». Ao princípio não acreditei, mas quando olhei para a pauta e vi à frente do meu nome ADMITIDA, gritei de tanto entusiasmo, não podia estar mais feliz. Porém, ao ver que só uma das minhas colegas tinha entrado comigo, fiquei sem forças, porque elas tinham-se tornado as minhas melhores companheiras: para rir, chorar…para tudo.
No entanto, tinha conseguido aquilo que tanto queria. Iniciei o ano lectivo com alguma apreensão, mas depressa me integrei na turma e,
O trabalho diário não é fácil, mas é exactamente aquilo que esperava. Agora que frequento a EDCN, sinto que estou a realizar o meu sonho. Sei que
ainda tenho um longo caminho a percorrer, com alegrias, tristezas, amores, desamores, muitas aventuras e desventuras. Sei também que o que sinto aqui e agora me vai acompanhar para sempre.
Tudo o que tenho aprendido tem-me dado uma experiência de vida muito
enriquecedora, tem-me mostrado que, com esforço, se concretizam os sonhos; com suor e lágrimas, se alcançam os objectivos, e, com muitos sorrisos, se passam as horas, meses e até anos. As amizades que conquistei dão-me o apoio necessário para travar as pequenas lutas diárias: um passo mal feito, uma pirueta menos perfeita, um dia menos bom. As críticas dão-me a força para continuar, sem nunca vacilar.
Só o trabalho diário me poderá permitir alcançar a técnica e o rigor perfeitos, e só
um esforço contínuo me poderá trazer a satisfação de obter os resultados pretendidos. O ballet não tem só primeiras bailarina; é, antes de mais, um grupo que trabalha em conjunto e que consegue mostrar que o trabalho de equipa pode ser maravilhoso.
Já experimentei viver sem e com a dança. Sei, agora, que faz parte de um sonho,
de uma realidade, enfim… faz parte da minha vida.
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NEWSLETTER Limiting parallel exports may constitute abuse of a dominant position On 16 September 2008 the European Court of Justice ruled that it can be illegal abuse of a dominant position if a dominant pharmaceuticals producer refuses to accept orders from national distributors in order to limit parallel exports to other EU countries. The supplier can only refuse to accept such or