UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA Disciplina: FCF 811 Filosofia e Literatura II Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 5ª. 13:30 às 16:30 – Sala 320-A Professor: Susana de Castro Programa:
Na Poética (1453b 11-12), Aristóteles afirma que o poeta dramático “deve procurar [provocar no espectador] apenas o prazer inerente à piedade e ao terror, provocados pela imitação (.)”. A indagação central deste curso parte dessa sugestão de Aristóteles de que o drama deve provocar um prazer inerente ao terror (phobos)”. O objetivo deste curso, portanto, é investigar a noção de ‘terror’ enquanto categoria central da estética.
No Retrato do artista enquanto jovem, James Joyce descreve através do personagem principal Stephen qual seria a definição de terror e piedade: “Aristotle has not defined pity and terror. I have. I say (…) --Pity is the feeling which arrests the mind in the presence of whatsoever is grave and constant in human sufferings and unites it with the human sufferer. Terror is the feeling which arrests the mind in the presence of whatsoever is grave and constant in human sufferings and unites it with the secret cause”. (Random House, p. 239).i A única diferença, portanto, entre os efeitos da piedade e do terror, segundo Joyce, seria que enquanto a primeira une o espectador ao sofredor, a segundo o une à ‘causa secreta’. Que causa secreta é essa? Seguindo Campbell (O herói de mil faces, 2007, p.32), acredito que a ‘causa secreta’ à qual se refere Joyce seria “o mistério do desmembramento, que se configura como vida no tempo”. Com pouquíssimas exceções não há final feliz nas tragédias, pois o final feliz seria inverossímil, uma falsa imitação. Só há um ‘final’ no mundo: “morte, desintegração, desmembramento e crucificação de nossos corações com a passagem das formas que amamos”. Como essa ‘causa secreta’, isto é, o desmembramento final e o afastamento, pode provocar ‘prazer’ estético? Isso não seria um contrassenso? Em, Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e do belo (1993), Edmund Burke (1729-1797), descreve a emoção provocada pelo ‘terror’ como fonte do sublime. Considerando que a fonte do terror não é imediata, mas mediada, isto é, o espectador sabe que o que ocorre em cena não é ‘real’, “as ideias de dor e perigo são muito mais poderosas do que as provém do prazer. (.); mas quando [o perigo ou dor] são menos prováveis e de certo modo atenuadas, podem ser – e são – deliciosas, como nossas experiências diárias nos mostra” (p. 48). Uma peça com final feliz, penso, diria Burke, não provoca uma emoção sublime, porque o ‘prazer’ hedonista não tem a mesma intensidade do ‘prazer’ da dor e do perigo.
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Meu objetivo neste curso será investigar justamente este ‘sublime do horror’ gerado pela dor e sofrimento na arte. Ao contrário de Aristóteles, para quem o poeta só conseguiria provocar o sentimento de piedade e de terror na medida em que projetasse em sua poesia uma unidade de ação e de tempo, ou seja, somente através da ação descrita pela poesia dramática isso seria alcançado, penso que a prosa romântica que não segue a estrutura da unidade teatral, ou seja, que não segue os critérios da unidade de tempo, e amplia a unidade de ação, tornando-a muito mais multifacetada do que no drama, também consegue provocar esses sentimentos.
Tolstói inicia seu romance Anna Kariênina afirmando: “Todas as famílias felizes se parecem entre si; as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira.” Penso que os romancistas russos, Tolstói e Dostoiévski, herdaram essa pulsão grega pelo sublime no terror, como diria Burke, ou pela causa secreta, como diria Joyce. Gostaria de analisar dois de seus romances. Anna Kariênina e Crime e Castigo à luz da hipótese de Burke acima exposta, segundo a qual a emoção da dor e do sofrimento é mais intensa do que a do prazer hedonista --, ao contrário de Burke, diria que sentimos, sim, prazer com o drama trágico (conquanto que saibamos é claro que se trata de uma ficção, e isso é muito importante!), mas é um prazer de uma qualidade distinta do prazer puramente hedonista. Bibliografia primária: Tolstói, Liev. Anna Kariênina. Trad. Rubens Figueiredo. Ed. Cosac&Naiv, 2005. Dostoiévski, Fiódor. Crime e castigo. Trad. Paulo Bezerra. Ed. 34, 2003. Aristóteles. Poética. Trad. Eudoro de Souza. Casa da Moeda. Steiner, George. Tolstói ou Dostoiévski, um ensaio sobre o velho criticismo. Trad. Isa Kopelman. Perspectiva, 2006. Hugo, Victor. Do grotesco ao sublime – prefácio de Cromwell. Trad. Célia Berrettini. Perspectiva, 2010. Burke, Edmund. Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e do belo. Trad. Enid Abreu Dobránszky. Papirus, 1993. Bibliografia secundária: Alves Júnior, Douglas Garcia (org.). Os destinos do trágico, arte, vida, pensamento. Autêntica, 2007. Duarte, Rodrigo & Figueiredo, Virginia (org.) Mimesis e expressão. UFMG, 2001. Longino. Do sublime. Martins Fontes, 1996. Forma(s) de avaliação: Trabalho final UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
i “A piedade é o sentimento que toma conta da mente na presença de tudo o que é grave e constante nos sofrimentos humanos e que a une ao sofredor humano. O terror é o sentimento que toma conta da mente na presença de tudo o que é grave e constante nos sofrimentos humanos e a une com a causa secreta”.
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Disciplina: FCF-803 Estética Contemporânea II Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 5ª feira – 13:00 as 16:00 – Sala 314 Professor: Filipe Ceppas Programa: A questão do sujeito em Foucault, Deleuze e Derrida. A "dissolução" da dicotomia sujeito-objeto é central para a filosofia contemporânea. Iremos avaliar esta dissolução e as reconfigurações da noção de sujeito propostas pelos autores. Uma questão irá nos interessar mais de perto: quais as implicações dessa dissolução e dessas reconfigurações para as relações entre arte, aprendizagem e filosofia? Nossas análises seguirão sobretudo os diálogos que Foucault, Deleuze e Derrida estabeleceram com Kant e Freud. A partir daí, e de um certo apagamento das fronteiras entre filosofia e arte, iremos explorar (sobretudo com Deleuze, Guattari e Rancière) um conceito de aprendizagem capaz de responder aos nossos desafios pedagógicos e políticos mais urgentes (estes poderiam ser resumidos como implicando uma exigência-necessidade de constituição de um "modo de vida filosófico-libertário"?). Bibliografia Básica (Serão utilizados cerca de três artigos ou capítulos de cada autor como textos de referência para as aulas, começando com "Para além do princípio do prazer" de Freud. O restante da bibliografia é de leitura opcional) DELEUZE, Gilles. Diferença e Repetição, Trad. Roberto Machado e Luiz Orlandi,
DELEUZE, Gilles. Empirismo e subjetividade. São Paulo: 34 Letras, 2001. DELEUZE, Gilles. Foucault. Trad. Claudia Sant’Anna Martins. São Paulo: Ed.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. O anti-édipo, capitalismo e esquizofrenia,
Lisboa: Assírio e Alvim, trad. Joana Moraes Varela e Manuel Maria Carrilho, 1966.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Mil Platôs, 5 vols. São Paulo, Ed. 34, 1997. DERRIDA, Jacques. Trad. Renato Janine Ribeiro. Gramatologia, São Paulo: Perspectiva, 1973. DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença, Trad. Perola de Carvalho et. al. São
DERRIDA, Jacques. Margens da Filosofia. Porto: Rés, s/d. DERRIDA, Jacques. O cartão-Postal. De Sócrates a Freud e além. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, Trad. Simone Perelson, 2007.
FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas, São Paulo: Martins Fontes, 1995. FOUCAULT, Michel. Ditos e Escritos, 5 vols. Rio de Janeiro: Forense Univ. 2002-
FOUCAULT, Michel. História da Loucura na Idade Clássica, Trad. J.T.Coelho Netto,
FREUD, Sigmund. Obras completas, Vols 14 e 18. São Paulo: Cia. das Letras, Trad.
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RANCIÈRE, J. A partilha do sensível, estética e política, São Paulo: editora 34, 2005. RANCIÈRE, J. Le spectateur émancipé, Paris: La Fabrique éditions, 2008. RANCIÈRE, Jacques. O Mestre Ignorante. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
Forma(s) de avaliação: Participação em aula e trabalho monográfico. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
Disciplina: FCF 816 Teoria da Verdade II Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: sexta-feira 15h/18h – Sala 314 Professor: Jean-Yves Beziau Programa: Teoria da Negação Neste curso examinaremos os vários aspetos da negação, de um ponto de visto lógico- filosófico. Nos estudaremos negação classica, negação paraconsistente, negação paracomplete. Nos veremos em que propriedades a negação pode se decompor: princípio de non-contradição, do terceiro excluído, do ex-falso sequitur quodlibet, da dupla negação. Nos desenvolveremos tambem uma teoria geral da negação, apoiada em particular sobre o quadrado das oposições e generalizações dele. Bibliografia:
• J.-Y.Beziau, W.A.Carnielli e D.Gabbay (eds), Handbook of Paraconsistency,
• J.-Y.Beziau e G.Payette (eds), New perspectives on the square of opposition,
• Newton da Costa, Ensaio sobre os fundamentos da lógica, Hucitec, São Paulo, 2
• Laurence Horn, A natural history of negation, University of Chicago Press,
Forma(s) de avaliação: artigo
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Disciplina: FCF 849 Ética Aplicada II Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 3ª feira 14h00/17h00 – Sala Professor: Maria Clara Dias Programa: O CONCEITO DE PESSOA (continuação)
O curso visa compatibilizar as investigações acerca do agente moral e político com uma perspectiva materialista/naturalista da mente e do mundo. Neste sentido, serão analisados, em primeiro lugar, os pressupostos básicos de uma perspectiva naturalista. Em seguida, serão analisadas algumas das propriedades apontadas na tradição filosófica como definitoras do agente moral e examinada a possibilidade de resgatá-las no cerne de uma perspectiva naturalista. Como corolário, o curso pretendo analisar as conseqüências da adoção do modelo naturalista proposto para resolução dos principais desafios enfrentados no âmbito da bioética e da filosofia política.
Bibliografia proposta (não definitiva):
Dennett, Daniel (1996) Kinds of Minds: Toward an Understanding of Consciousness, Science Master Series, 1996 Dias, Maria Clara (2003) “Considerações acerca do conceito de pessoa”. In Sujeito e Identidade Pessoal, Mariana Claudia Broens e Carmem Beatriz Milidoni (Ed.). São Paulo: Cultura Acadêmica. 153-170. Dias, Maria Clara, (2006) “Identidade Humana e Pessoal: uma perspectiva naturalista da moralidade”. In Episteme, 26, 2, 15-25. Dworkin, Ronald (2000) Sovereign Virtue: The Theory and Practice of Equality. Cambridge, Mass.: Harvard University Press. Frankfurt, Harry (1971) “Freedom of the Will and the Concept of a Person”, The Journal of Philosophy 68. Hawthorn, G. (1987) The Standard of Living. Cambridge: Cambridge University Press. Nussbaum, M. e A. Sen (1993) The Quality of Life. Oxford: Clarendon Press. Raz, Joseph (1999) Engaging Reason: on the theory of value and action. Oxford: Oxford University Press. Rockwell, W.Teed (2005) Neither Brain nor Ghost, Cambridge, Mass: The MIT Press. Sen, Amartya (1992) Inequality Re-examined. Oxford: Clarendon Press. Singer, Peter (1993) Pactical Ethics. Cambridge: Cambridge University Press. Strawson, P. F. (1959) Individuals. Londres: Routledge. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
Disciplina: FCF 853 Ética, Política e Direito Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 4ª. 15:00 às 18:00 Professor: Prof. Aquiles Cortes Guimarães Programa: Mundo dos objetos e mundo da ação O objetivismo das tecnociências e a crise dos sentidos da ação ético-politica. Juridicidade e eticidade no contexto de renovação do papel da razão. Bibliografia básica:
1. Husserl, Edmund. Europa: crise e renovação. Tradução de Pedro M. S. Alves e Carlos Aurélio Morujão. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2006. Artigos para a revista Kaizo e A Crise da Humanidade Européia e a Filosofia. --------------. A crise das ciências européias e a fenomenologia transcendental. Tradução de Diogo Falcão Ferrer. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2008. 2. Kant, Immanuel. A metafísica dos costumes. Tradução de José Lamego. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2005. Forma de avaliação: monografia orientada.
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Disciplina: FCF 850 Metaética e a Linguagem da Moral II Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 6ª feira 10h00/13h00 – Sala Professor: Fernando Rodrigues Programa: O curso abordará, das perspectivas histórico-filosófica e sistemática, o fenômeno da fraqueza da vontade. Serão abordadas posições clássicas da História da Filosofia, como a presente no diálogo Protágoras de Platão, a aristotélica e a tomista. Discutir-se-ão também as teses de Davidson e de seus críticos. Será dada especial atenção à distinção entre os fenômenos da fraqueza da vontade e da auto-ilusão. Participarão como docentes no curso as pós-doutorandas Carla Lobo e Cláudia Passos. Bibliografia: CHARLTON, W.: Weakness of Will - A Philosophical Introduction, Basil Blackwell, Oxford, 1988 DAVIDSON, D.: Essays on Actions and Events, Clarendon Press, Oxford, 1980 GOSLING, J.: Weakness of the Will, Routledge, Londres, 1990 STROUD, S. (org.): Weakness of Will and Practical Irrationality, OUP, Oxford, 2003
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Disciplina: FCF 802 Estética Moderna II Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 5ª feira 09h00/12h00 – Sala Professor: Fernando Rodrigues Programa: O curso consiste em uma análise da obra ACrise das Ciências Européias e a Fenomenologia Transcendental, de E. Husserl. Seguir-se-á o percurso do próprio livro de Husserl, dando-se especial ênfase à seção A da terceira parte, “O caminho em direção à filosofia transcendental ao se questionar a partir do mundo da vida pré-dado”. O conceito de mundo da vida ocupará papel central nas análises desenvolvidas ao longo do curso. Participará como docente no curso o doutorando Thiago Cabrera. Bibliografia Primária: HUSSERL, E.: A Crise das Ciências Européias e a Fenomenologia Transcendental Bibliografia Secundária: BRAND, G.: Die Lebenswelt - Eine Philosophie des konkreten Apriori, Walter de Gruyter, Berlin, 1971 JANSSEN, P.: Geschichte und Lebenswelt - Ein Beitrag zur Diskussion von Husserls Spätwerk, Martinus Nijhoff, Haia, 1970
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Disciplina: FCF 836 Tópicos da Historia da Filosofia Contemporânea IV Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 5ª feira 10h00/13h00 – Sala 307-A Professor: Gilvan Luiz Fogel Programa: O curso constará da leitura e interpretação do parágrafo 76 de "Ser e Tempo" (Segunda seção, cap. 5), intitulado "A origem existencial da historiografia a partir da historicidade da presença". Na sequência, também nos ocuparemos com a segunda intempestiva, de Nietzsche, intitulada "Da vantagem e da desvantagem da historiografia para a vida". Bibliografia: Forma de avaliação: trabalho. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
Disciplina: FCF 837 Tópicos da História da Filosofia Contemporânea V Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 4ª feira 13h00/16h00 – Sala 320- Professor: Guilherme Castelo Branco Programa: Disciplina, norma, segurança e governamentalização no ‘último Foucault”. Bibliografia
FOUCAULT, M. – Sécurité, territoire, population. Paris: 2004. Gallimard/Seuil. Dits et Écrits(vol IV). Paris: 1994. Gallimard
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Disciplina: FCF-833 Tópicos da História da Filosofia Moderna IV Créditos: 4 (60h/aula) Período: 2011.1º Horário: 14:00h – 17:00h – Sala 325 B Professor: Franklin Trein Programa:
O curso tem por objetivo percorrer a história da filosofia conduzido pelo
desdobramento do problema da dialética. Sabidamente, a questão da dialética já está presente na Antiguidade. Partiremos da concepção de dialética entre os filósofos gregos, especialmente de Platão, onde o conceito toma o conteúdo de “diálogo”, mas não só. Nos deixaremos conduzir pela evolução da discussão sobre a dialética até o século XX, dando ênfase especial a duas contribuições: a de Hegel e a de Marx e os marxistas.
Uma questão sempre lembrada, mas enfrentada de forma insuficiente
concentrará o interesse do curso no seu encerramento: a dialética no âmbito das ciências da natureza. Os conhecimentos alcançados no final do século XX permitem um fértil debate sobre o problema. Bibliografia primária:
Platão - Os diálogos “Crátilo”, “Sofista” e “Teeteto” Aristóteles – “Retórica”, “Sobre a Alma” Os Pré-Socráticos, especialmente Parmênides, será examinado no texto crítico de H. Diels, Die Fragmente der Vorsokratiker e ainda no texto de von Armin, Zenan un seine Schüller. Kan - Crítica da Razão Pura Hegel - Fenomenologia do Espírito e Ciência da Lógica Marx - Cartas a Kugelmann, Cartas a Schwetzer, Grundrisse e O Capital, I Engels - Anti-Dühring e Dialética da Natureza Lenin - Cadernos Filosóficos Mao - Sobre a contradição Bibliografia secundária: Serão consideradas ainda as contribuições de Lukás, Marcuse, Lefèbvre e Sartre. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
Os textos que tratam da dialética e as ciências da natureza na segunda metade do séc. XX serão indicados ao logo do curso. Forma(s) de avaliação: Apresentação de um trabalho escrito versando sobre algum conteúdo do curso
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Disciplina: FCF 821 Consciência Fenomenal II Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 3ª f. 14:00 – 17:00 h – Sala 319 Professor: Wilson Mendonça Conhecimento Fenomenal
Programa:
As principais questões da filosofia da mente são o problema da causação mental e o problema da consciência. Este é formulado em termos das características “fenomenais” ou “qualitativas” dos estados mentais conscientes, isto é, em termos dos qualia aos quais nós teríamos um acesso cognitivo privilegiado. Muitos filósofos consideram que o problema da consciência é o “problema difícil” (Chalmers) da filosofia da mente. Como é possível compatibilizar o ponto de vista monista materialista com a suposição de que existem qualia? E como devemos conceber o conhecimento dos qualia? O curso examina algumas contribuições recentes para o debate sobre a metafísica e a epistemologia dos estados mentais conscientes. Bibliografia primária:
Alter, Torin e Sven Walter (2008). Phenomenal Concepts and Phenomenal Knowledge: New Essays on Consciousness and Physicalism. Oxford: Oxford University Press.
Chalmers, David (2010). The Character of Consciousness. Oxford: Oxford University
Tye, Michael (2009). Consciousness Revisited: Materialism without Phenomenal Concepts. Cambridge, MA: The MIT Press.
Bibliografia secundária: Forma(s) de avaliação:
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Disciplina: FCF 850 Metaética e a Linguagem da Moral II Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 5ª f. 14:00 – 17:00 h – Sala 319 Professor: Wilson Mendonça Internalismo e Externalismo na Metaética e na Teoria da Racionalidade Prática
Programa:
O objeto do curso é constituído por avaliações recentes da tese do internalismo motivacional e da tese do internalismo de razões. A primeira tese afirma a existência de uma conexão necessária entre juízos morais, por um lado, e motivações para agir, por outro. A relação de dependência assimétrica entre as razões objetivas para agir válidas para um agente e os elementos do conjunto motivacional atual (os “desejos”) do agente é o objeto da segunda tese. A relevância das reformulações das teses e antíteses em questão, bem como das sutis distinções propostas recentemente é mais ou menos óbvia para quem está interessado no debate metaético. Bibliografia primária:
Bedke, Matthew S. (2009). “Moral judgment purposivism: Saving internalism from
amoralism.” Philosophical Studies 144, pp. 189–209.
Björnsson, Gunnar e Francén, Ragnar (2010). “Internalists Beware—We Might All Be
Cuneo, Terence C. (1999). “An Externalist Solution to the ‘Moral Problem.’ ”
Philosophy and Phenomenological Research 59, pp. 359-380.
Francén, Ragnar (2007). “Absolutists can do it too—de dicto internalism.” In
Metaethical relativism: Against the single analysis assumption. Göteborg: Acta Universitatis Gothoburgensis (http://hdl.handle.net/2077/8505).
—— (2010). “Moral Motivation Pluralism.” Journal of Ethics 14, pp. 117–148. Greenberg, Mark (2009). “Moral Concepts and Motivation.” Philosophical Perspectives
Kauppinen, Antii (2008). “Moral Internalism and the Brain.” Social Theory and
Lenman, James (1999). “The externalist and the amoralist.” Philosophia: Philosophical Quarterly of Israel 27, pp. 441–457.
Smith, Michael (2002). “Evaluation, Uncertainty and Motivation.” Ethical Theory and
Stout, Rowland (2004). “Internalising Practical Reasons.” Proceedings of the Aristotelian Society. Blackwell pp. 229-243.
Strandberg, Caj (2007). “Externalism and the Content of Moral Motivation.”
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Svavarsdóttir, Sigrun “1999). “Moral cognitivism and motivation.” The Philosophical
Tresan, Jon (2006). “De dicto internalist cognitivism.” Nous 40, pp. 143–165. —— (2009a). “Metaethical internalism: Another neglected distinction.” The Journal of
—— (2009b). “The challenge of communal internalism.” The Journal of Value Inquiry
Wallace, R. Jay (2009). “The publicity of reasons.” Philosophical Perspectives 23, pp.
Wedgwood, Ralph (2004). “The metaethicists’ mistake.” Philosophical Perspectives 18,
Bibliografia secundária: Forma(s) de avaliação:
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Disciplina: FCF 839 Tópicos de História da Filosofia no Brasil III Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1 Horário: 4ª de 9:00 às 12:00 – Sala - 325 C Professor: Cerqueira A Filosofia como Ciência do Espírito no Brasil
No âmbito da filosofia brasileira do século XIX, particularmente no contexto do combate ao cientificismo enquanto tentativa de aplicação do modelo das ciências da natureza às ciências humanas, Farias Brito, desenvolvendo teses de Tobias Barreto, faz a crítica da psicologia científica ou experimental, propondo, de maneira independente, mas muito próxima à de Husserl, um método para atender à especificidade do psíquico. FORMAS DE AVALIAÇÃO Prova e/ou trabalho e/ou seminários. BIBLIOGRAFIA PRIMÁRIA BRITO, Raimundo de Farias. O mundo interior, §89. (http://textosdefilosofiabrasileira.blogspot.com/2008/07/o-mundo-interior-89.html) CERQUEIRA, Luiz Alberto. Maturidade da Filosofia Brasileira: Farias Brito. In: Brito, Raimundo de Farias. O mundo interior. Lisboa: INCM, 2004. (http://filosofiabrasileiracefib.blogspot.com/2008/06/luiz-alberto-cerqueira-filosofia- e.html) HUSSERL, E. Investigações lógicas V, I. Tradução de Pedro M. S. Alves et alia. Lisboa: Nijhoff/Universidade de Lisboa, 2007, pp. 376-398. BIBLIOGRAFIA SECUNDÁRIA ALMADA, Leonardo F. A idéia de filosofia como ciência do espírito no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009. (http://textosdefilosofiabrasileira.blogspot.com/2009/03/ideia-de- filosofia-como-ciencia-do.html) STURM, Fred Gillette. O Significado Atual do Pensamento Britiano. Anais do IV Congresso Nacional de Filosofia. São Paulo-Fortaleza: IBF, 1962. (http://textosdefilosofiabrasileira.blogspot.com/2008/06/o-significado-atual-do- pensamento.html UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
Disciplina: FCF-821 Consciência Fenomenal II Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 5ª feira, das 16:30hs às 19:30hs – Sala 307-A Professor: Rafael Haddock-Lobo Programa: O objetivo do curso é tratar da noção de “experiência” no pensamento de Jacques Derrida, sobretudo a partir dos quase-conceitos “rastro” e “espectro”. Em suma, se a partir do pensamento da desconstrução o real passa a ser compreendido como “o que escapa”, como então podemos falar de experiência senão de modo espectral? Bibliografia primária: . DERRIDA, J. Espectros de Marx: o Estado da dívida, o trabalho de luto e a nova Internacional. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994. . DERRIDA, J.Gramatologia. São Paulo: Perspectiva, 1999. Bibliografia secundária: . DERRIDA, J.Margens da filosofia. Campinas: Papirus, 1991. . DERRIDA. J.A voz e o fenômeno. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994. . LÉVINAS, E.Descobrindo a existência com Husserl e Heidegger. Lisboa: Instituto Piaget, 1997. Forma(s) de avaliação: Trabalho de fim de curso com tema relacionado ao curso. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
Disciplina: FCF-834 Tópicos da História da Filosofia Moderna V Créditos: 3 (45 h/aula) Período: 2011/1º Professor: Celso Azar Horário: 6ª feira – 16h00 às 19h00 – 316 Título: Montaigne e a filosofia: virtude e conhecimento nos Ensaios. Programa: O curso tem como objetivo investigar a relação entre as noções de conhecimento, filosofia e virtude nos Ensaios de Montaigne. Bibliografia básica: MONTAIGNE, M. de. Les Essais (edição Villey-Saulnier). Paris: PUF, várias edições. Esta edição, entre outros estados e traduções do texto, pode ser consultada on-line no sítio da Montaigne Studies (http://humanities.uchicago.edu/orgs/montaigne/). As traduções mais fáceis de encontrar são aquelas de Sérgio Milliet (Pensadores) e a mais recente de Rosemary C. Abílio (Martins Fontes). Bibliografia secundária sumária: AUERBACH. Mimesis. São Paulo: Perspectiva, 1987. BARAZ, M. L'être et la conaissance selon Montaigne. Tolouse: J. Corti, 1968. CONCHE, M. Montaigne et la philosophie. Paris: PUF, 1996. DESAN, P. (Dir.), Dictionnaire de Michel de Montaigne. Paris: Honoré Champion, 2007. FRAME, D. Montaigne's Essais: a study. Englewood: Prentice-Hall, 1969. FRIEDRICH, H. Montaigne. Bern: Francke Verlag, 1967. GONTIER, T. e MAGNARD, P (orgs.) Montaigne. Paris: CERF, 2010. SÈVE, B. Montaigne. Des règles pour l’esprit. Paris: PUF, 2007. LANGER, U. (org.) The Cambridge Companion to Montaigne. Cambridge: Cambridge U. P., 2005. WINKLEHNER, B. Die Tugenden der antiken Philosophenschulen bei Michel de Montaigne. Salzburg: Institut für Romanistik der Universität Salzburg, 1980. Forma de avaliação: trabalho escrito UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
Disciplina: Teoria do Conhecimento II (FCF – 815) Créditos: 3 (45 h/aula) Período: 2011/1º Horário: 6ª feira, de 17:00 h às 20:00 h Sala 311 Professor: Ricardo Jardim Andrade Programa:
Compreensão e explicação nas ciências humanas
1) A compreensão no discurso de F. D. E. Schleiermacher; 2) O par conceptual compreensão/explicação na epistemologia de W. Dilthey; 3) A dialética entre compreensão e explicação no pensamento de P. Ricoeur; 4) A “interpretação estrutural” proposta por Cl. Lévi-Strauss.
Bibliografia Fr. D. E. Schleiermacher, Herméneutique. Pour une logique du discours individuel, trad. fr., Paris: CERF/PUL, 1987 ;
- C. Berner, La philosophie de Schleiermacher: “hermeneutique”, “Dialectique” et “Éthique”, Paris: Cerf, 1995.
W. Dilthey, Critique de la raison historique. Introduction aux sciences de l’esprit, trad.fr., Paris: CERF, 1988 ; _________, Le monde de l’esprit ( I, II), trad. fr., Paris :Aubier-Montaigne,
___________, “Naissance de l’herméneutique (1900)”, in Écrits d’esthétique,
trad.fr., Paris:Cerf, 1994, p. 291-307 ;
_________, L’edification du monde historique dans les sciences de l’esprit, trad. fr., Paris: CERF, 1988 ;
S. Mesure, Dilthey et la fondation des sciences historiques, Paris: PUF, 1990 ; ________, “Individus et ensembles dans la méthodologie diltheyenne des sciences sociales”, in Revue internationale de philosophie, vol. 57, nº 226, 4/2003, Paris, PUF, p. 393-405; R. Jardim Andrade, « Compreensão e explicação nas ciências do espírito: a epistemologia de Wilhelm Dilthey”, in L Miranda Hühne (org), Filosofia e ciência, Rio de Janeiro: UAPÊ, 2008.
P. Ricoeur, De l’interprétation. Essai sur Freud, Paris: Seuil, 1965.
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________, Le conflit des interprétations. Essais d’herméneutique, Paris:
________, Du texte à l’action. Essais d’herméneutique II, Paris:Seuil,
R. Jardim Andrade, “O modelo hermenêutico de reflexão: o diálogo entre
filosofia e ciências humanas no pensamento de Paul Ricoeur”, in: A. Lorenzon, C. Góis e Silva (org.), Ética e Hermenêutica na obra de Paul Ricoeur, Londrina: UEL, 2000.
_______________, “A razão hermenêutica”, in Ch. Samuel Katz e F.A. Doria (org.), Razão/Desrazão, Petrópolis : Vozes, 1992
Cl. Lévi-Strauss, Les structures élémentaires de la parenté, Paris: PUF, 1949, Reeditado, Paris: Mouton, 1967. _____________, “Introduction à l’oeuvre de Marcel Mauss”, in: M. Mauss, Sociologie et anthropologie, Paris: PUF, 1950. _____________, Anthropologie structurale, Paris: Plon, 1974. _____________, Anthropologie structurale deux, Paris: Plon, 1973. R. Jardim Andrade, Le structuralisme et la question du sujet : la formation du champ sémiologique. Lille :ANRT, 2000 ;
_______________, “A antropologia estrutural: uma proposta ética”, in: Temas e textos (Revista do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ), nº1, 1991.
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Disciplina: FCF-837 Tópicos da História da Filosofia Contemporânea V Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 4as, das 13h às 16h Sala 307-A Professor: André Martins Programa:
Trata-se de pensar a filosofia por temas, a partir do universo conceitual das
filosofias de Spinoza e de Nietzsche. Os temas abordados serão: o corpo e o sujeito, a filosofia social, e a filosofia no Brasil. Bibliografia inicial: SPINOZA, B. Ética. Trad. Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. NIETSCHE, F. Digitale Kritische Gesamtausgabe Werke e Briefe auf der Grundlage der Kritischen Gesamtausgabe Werke. Estabelecimento do texto: Giorgio Colli e Mazzino Montinari. Berlin/New York, Walter de Gruyter, 1967, e Briefwechsel Kritische Gesamtausgabe, Berlin/New York, Walter de Gruyter, 1975. Publicado por Paolo D'Iorio, disponíveis em: http://www.nietzschesource.org/texts/eKGWB Forma(s) de avaliação: Trabalho final
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Disciplina: FCF 844 O conceito de justiça I Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 5as das 16 às 19 - Sala Professor: Susana de Castro Programa:
Em 1993, vinte e três anos após a publicação de A Theory of Justice, publicado em 1971, John Rawls publica Political Liberalism. Nesta obra, apresenta uma revisão da teoria da justiça como eqüidade do TJ. Em TJ, Rawls havia apresentado uma nova teoria contratualista liberal que colocava a virtude da justiça como bem supremo, anterior a qualquer outro bem; colocava dessa forma o liberalismo sobre outros fundamentos morais que não os do utilitarismo. Para Rawls, a justiça distributiva desde que associada aos direitos fundamentais deveria servir de princípio moral de todas as instituições sociais, pois só assim estaria garantido de alguma forma que os indivíduos poderiam realizar seus fins particulares. Essa associação da justiça à realização dos bens particulares e não ao bem comum, levou os chamados ‘comunitaristas’ a acusar a teoria da justiça distributiva de ser neo-individualista, ou individualista de direito. Segundo Charles Taylor, há dois níveis de críticas que se pode fazer à teoria de Rawls, um de caráter ‘ontológico’ e outro de caráter da ‘promoção’. Do ponto ontológico, os comunitários criticam a pressuposição de que haja um sujeito livre e racional, anterior, do ponto de vista ontológico, à sociedade. Essa idéia de sujeito moral desencarnado que está na base da teoria contratualista de Rawls conduz a uma esquizofrenia do sujeito: na comunidade, em família, ele é um homem comum, que busca o bem para si e para os seus, e na vida pública ele é um cidadão que deve pautar sua ação pelo critério de neutralidade e indiferença. No plano da promoção, vigora a impressão de que na TJ o sujeito moral não tem interesse pelo bem comum, sua vida é pautada apenas pela idéia da promoção da própria felicidade.
No PL, Rawls procurará rebater a essas duas críticas, tanto a ontológica, quanto
a da promoção. Com isso, ele promoverá uma revisão de sua teoria da justiça como equidade, salientando aspectos da moral e da política pública que não estavam presentes no primeiro livro. Ele aproximará aqui seu liberalismo do republicanismo (republicanismo avant la lettre, ou republicanismo cívico liberal).
Neste curso almejo tratar, em um primeiro momento, essas novas posições de
Rawls no PL. Em primeiro lugar, como ele responde à crítica ontológica comunitarista a sua perspectiva esquizofrênica de sujeito ao trazer para sua teoria distributiva de justiça a noção de uso público da razão. Aqui podemos dizer que sua teoria dá uma virada ‘política’, aproximando-se de um republicanismo avant la letttre. Não podemos dizer que se trate de um republicanismo estrito senso, pois para teoria política republicana a política prescinde da moral, e a questão central da política é o debate democrático e publico. Rawls, no entanto, reintroduz em PL a teleologia que ele havia rejeitado no TJ. Ele fará isso (re) introduzindo a noção de ‘virtudes políticas’ (civilidade, tolerância, razoabilidade, entre outras) que devem estar presentes no ‘uso publico da razão’. Por outro lado, ele rebate a crítica comunitarista que acusa a justiça como equidade de ser voltada para a promoção do bem particular, negando que a justiça possa basear-se em
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alguma idéia de comunidade ou associação. Acredita que a visão comunitarista da sociedade implica em que toda a sociedade deva estar submetida a uma noção abrangente de bem, a hegemônica, mas esta visão não necessariamente corresponde a de todas as pessoas.
No segundo momento gostaria de trabalhar com a crítica feminista à noção de
Bibliografia primária: Rawls, John. Political Liberalism. Columbia University Press, 1996. Pettit, Philip & Kukathas, Chandran. Rawls “uma teoria da justiça” e seus críticos. Gradiva, 2005. Lois, Cecilia Caballero (org.) Justiça e democracia, entre o universalismo e o comunitarismo. Landy, 2005. Coole, Diana. “Constructing and Desconstructing Liberty”. Political Studies, XLI, 1993. Pp. 83-95. Hirschman, Nancy. The Subject of Liberty: Toward a Feminist Theory of Freedom. Princeton University Press, 2003. Nussbaum, Martha. “Rawls and Feminism”. In: Freeman, Samuel (ed.). The Cambridge Companion to Rawls. Cambridge University Press, 2003. pp. 488-520. Forma de avaliação: Trabalho final escrito
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Disciplina: FCF-807 Arte e Sociedade II Créditos: 3 (45h/aula) Período: 2011.1º Horário: 3ª feira – 13h00 às 16h00 Professor: André Martins/Adriany Ferreira Mendonça Programa: Nietzsche, Sócrates e Aristófanes Nietzsche, Sócrates e Aristófanes
Analisaremos as principais teses de Nietzsche sobre a tragédia ática e suas críticas ao
racionalismo socrático, através da leitura de O Nascimento da Tragédia à luz de duas
comédias de Aristófanes: As Nuvens e As Rãs.
Bibliografia:
ARISTÓFANES. As Nuvens. Tradução de Mário da Gama Kury. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
____________. AsRãs. Tradução de Mário da Gama Kury. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
BRANDÃO, Junito de Souza. Teatro Grego: Tragédia e Comédia. Petrópolis: Vozes: 1990.
DIAS, Rosa Maria. Nietzsche e a Música. Rio de Janeiro: Imago, 1994.
______________ . “A influência de Schopenhauer na filosofia da arte de Nietzsche em ‘O
Nascimento da Tragédia’”, in. Cadernos Nietzsche n. 3. São Paulo: USP, 1997.
EURÍPIDES. Electra. Tradução de J. B. Mello e Souza. São Paulo: Ediouro, s/d.
NIETZSCHE, Friedrich. O Nascimento da Tragédia.Tradução de J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
SALLIS, John. Crossings: Nietzsche and the Space of Tragedy. Chicago: The University of
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